Enquadramento Histórico


Gentes do Povoamento

Em 2026, o Mercado Quinhentista de Machico convida-nos a regressar ao tempo em que tudo era começo. Antes das glórias entoadas, das crónicas escritas, a História fazia-se também de rostos sem nome, mãos calejadas e esperanças recém-chegadas em naus audaciosas. A estas figuras silenciosas, às Gentes do Povoamento, dedicamos a XIXª edição, projetada para os dias 5, 6 e 7 de junho.

O ponto de partida para a escolha desta temática nasce da descoberta, em 2021, do Tombo I da Igreja de Machico, o mais antigo registo documental conhecido sobre estas paragens atlânticas. Este livro, agora transcrito graças à parceria estabelecida entre a Paróquia de Machico, o Projeto VINCULUM (Universidade Nova de Lisboa/FCSH) e a Direção Regional dos Arquivos, das Bibliotecas e do Livro, expõe o pulsar dos primórdios, um tempo de auspiciosos desígnios, mas muito poucas certezas, em que os vínculos, terrenos e espirituais, se fazem presença. 

Batismos, óbitos, testamentos e encomendas de missas dão corpo a este Tombo, indiscutível testemunho da importância dos registos eclesiásticos na reconstrução histórica da memória coletiva e do papel da Igreja como guardiã da fé e da identidade comunitária. Nestes fólios revelam-se fragmentos da vida e da história das gentes que ergueram o povoado de Machico, quando este vale era apenas promessa e cada nome um compromisso.

Durante o Mercado, as ruas transformar-se-ão em memória viva. Ouvir-se-ão vozes antigas nos pregões, reviver-se-ão ofícios nas bancas e tendas, sentir-se-á o passo dos que primeiro caminharam neste chão. Não será somente uma celebração de nobres senhores e grandes feitos, mas também um tributo aos que ousaram almejar, a todos aqueles que chegaram com mais sonhos que bens, com mais coragem que garantias, determinados em alcançar.

São esses, os fundadores emudecidos de Machico, que este ano vamos escutar em mais uma viagem pelas vivências coletivas da primeira Capitania do Reino.

5 de junho – Os que chegaram: entre o mar e a promessa
6 de junho – Os que fundaram: da casa à comunidade
7 de junho – Os que permaneceram: memória e identidade