RSS

Enquadramento histórico

“Tristão das Damas”

1421. Nos aposentos de Branca Teixeira ecoam os primeiros carpidos de Tristão Teixeira, filho primeiro do Capitão do Donatário da Madeira, da parte de Machico. Tristão da Ilha recebia, assim, a alvissara do nascimento do seu primogénito, motivo de enorme regozijo e grandes folguedos nas terras do povoado de Machico.

Por ser fazedor de muitos motes a damas, presado e ufano de sua pessoa, como nos diz Jerónimo Dias Leite, Tristão Teixeira ficou conhecido pelo epíteto de Tristão das Damas. Desposa, em 1450, Guiomar de Lordello, dama de boa linhagem de famílias entre Douro e Minho, de quem teve Tristão, Guterres, Violante, todos de apelido Teixeira e Leonor de Lordello. Das suas segundas núpcias, com Alda Mendes, irmã do Bispo da Guarda, não houve descendência.

Por morte do pai, Tristão das Damas recebe a administração do cível e do crime na Capitania de Machico, encargo que o ocupa até 1506 e que foi marcado por boas e más deliberações. Homem audaz, cortesão e imbuído de um forte espírito de cavalaria, Tristão Teixeira promoveu festas, torneios e outros jogos de cavalaria, saraus de poesia, sendo-lhe inclusivamente atribuída a autoria de três poesias que integram, hoje, o Cancioneiro Geral de Garcia de Resende. A si também é atribuída a diligência de mandar edificar a primitiva capela de São Roque, o patrono dos males de contágio, em virtude do surto de peste se assolou a Villa em 1488.

Mas nem tudo correu bem para o 2º capitão de Machico que acabou por ser acusado de condutas menos próprias, como a mancebia e a prática de jogos de tavolagem em sua casa, denúncias que o levaram ao Reino para rogar perdão. Como testemunho de contrição pela sua vida desregrada, organiza uma expedição a África e, a expensas suas, liberta alguns cativos em Ceuta. Em virtude de tamanho préstimo, é-lhe concedida carta de perdão, por D’El Rei D. Manuel I. Em 1496, regressa à Ilha, onde jaz enterrado na capela de São João Batista, mandada construir pelo próprio na Igreja Matriz de Machico para jazigo da família, e que ostenta, no fecho do arco do seu pórtico, o brasão de armas da família Teixeira.

 

Os comentários estão fechados.

 
%d bloggers gostam disto: