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Enquadramento histórico

Retrato_de_Tristão_Vaz_Teixeira

Herdeiros de Tristão

“O primeiro Capitão de Machico, escudeiro da casa do Infante, […] patriarca do povoamento da ilha e Cavaleiro tão perfeito que foi flor da Cavalaria, é um dos “padrões” do povo da Madeira – avô remoto de opulentos e humildes…”
(Revista Patrimónios nº 2, 2004, p. 39)

Numa época onde a bravura era sobejamente premiada, os navegadores responsáveis pela redescoberta do arquipélago da Madeira, no início do século XV, seriam honrosamente agraciados por tal feito. “Eu o infante D. Henrique faço saber […] que dou a cargo de Tristão, Cavaleiro de minha casa na ilha desde além da Ribeira do Caniço até à Ponta do Tristão, que ele a mantenha por mim em justiça e direito e pela sua morte passe aos descendentes…” Foi desta forma que o Infante D. Henrique, na Carta de Doação da Capitania de Machico ao ilustre Tristão Vaz Teixeira, a 8 de maio de 1440, lançou as bases para a origem e fundação do que viria a ser a sociedade e património Madeirenses e, com maior particularidade, da sociedade Machiquense. Destaca-se aqui a importância dada à Capitania de Machico, e ao seu Capitão, uma vez que esta se tornou a primeira da história do Reino.

Honrado e titulado como Capitão-donatário, Tristão Vaz Teixeira, viveu longos anos em Machico. Diz-se que viveu 80 anos, 50 dos quais no governo da capitania, tendo falecido em Silves no ano de 1470. Além de todas as medidas necessárias à administração das terras e da população que, aos poucos, colonizou os diversos territórios que compunham a dita Capitania, foi ainda durante a sua governação que se fundou a Capela da Ordem de Cristo e a Igreja Matriz de invocação à Nossa Senhora da Conceição. Economicamente, o cultivo de cana-de-açúcar foi o elemento primordial para o enriquecimento e desenvolvimento da Capitania. A sua popularidade resultou no aumento de mão-de-obra e no crescimento da população. Escravos, camponeses, pequenos mercadores, ricos comerciantes oriundos do continente europeu, fidalgos, cavaleiros e pessoas honradas e de grandes fazendas afluíram a Machico enobrecendo a dita Vila, que nunca mais parou de crescer.

Tristão foi casado com Branca Teixeira, uma fidalga de quem teve quatro filhos e oito filhas que herdaram com entusiasmo e com uma força hercúlea a obra iniciada pelo progenitor no início do século XV. O caminho fez-se lentamente e com alguns sobressaltos, mas eis-nos chegados a uma época onde podemos olhar para trás e sentirmo-nos orgulhosos… orgulhosos das nossas origens e dos nossos antepassados. Por toda a região existe um sentimento extraordinário de pertença patrimonial. Devemos proteger o nosso património e preservar o legado deixado, pois todos somos herdeiros de Tristão.

Tudo isto e muito mais reviveremos nesta XIIIª edição do Mercado Quinhentista de Machico. A EBS de Machico e a CM de Machico desejam que o quotidiano recriado proporcione uma verdadeira viagem pela História…

 

 

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