Enquadramento histórico
“O Trigo da Capitania”
Continuamos a viajar pela História…
“Esta segunda ilha [Madeira] acharam boa… e começaram ali de fazer suas sementeiras mui grandes de que lhes vieram mui abastosas novidades.”
ZURARA, Gomes Eanes de, Crónica da Guiné, Cap. LXXXIII
No início do séc. XVI, o arquipélago da Madeira tinha assumido um importantíssimo lugar de destaque para o Reino de Portugal.
A cultura cerealífera na ilha, especialmente do trigo, desempenhou um papel de grande relevo na economia portuguesa, sobretudo na primeira metade do séc. XV. As fontes da época referem a dita cultura como prioritária, alegando que a terra era fértil e que havia “trigo com fartura”. Este cereal foi um dos pretextos para a fixação dos colonizadores à região e, além de ser exportado para a metrópole devido à carência de pão no reino, foi fundamental para a empresa dos descobrimentos, abastecendo a Guiné, Ceuta e outras praças marroquinas do Norte de África.
Mas como não há bem que sempre dure, por volta da década de 1470, a fartura cerealífera torna-se escassa provocando crises de fome e a necessidade de importar trigo, principalmente dos Açores. A partir desta altura, a Madeira não voltou a produzir trigo suficiente para uma população que aumentava anualmente. Além disso, as terras, para a sua cultura, iam diminuindo e sendo substituídas pela plantação de cana-de-açúcar. O ano de 1508 foi um dos expoentes máximos da crise cerealífera, realizando-se vários pedidos de provisões para abastecer a população.
O Capitão Donatário de Machico, que tinha o privilégio de ter para si todos os moinhos e todos os fornos, teve que reagir para não ver o seu povo perecer de fome…
Tudo isto e muito mais reviveremos nesta XIª edição do Mercado Quinhentista de Machico…
A Comissão organizadora, a EBS de Machico e a Câmara Municipal de Machico desejam que o quotidiano recriado lhe proporcione uma verdadeira viagem pela História…
Comissão Organizadora do MQ